Sempre e toda a vez em que as pessoas ou empresas são chamadas para fazer alguma proposta de preço (cotação) por um serviço ou bem, o critério dos deuses é O MENOR PREÇO! Temos aí o começo da corrupção…
Até que ponto você se corrompe ou é corrompido para conseguir um serviço, tornando “esquelético” o seu preço? Neste contexto, merece atenção especial o fato de que vemos muitos engenheiros (não apenas aqueles recém-formados) que estão na atividade profissional com uma pequena deficiência… Não sabem ter critério de valor para o custo de um trabalho.
Existe algo muito simples, enquanto você trabalha como um empregado, faça sol ou faça chuva, vai sempre receber o seu salário mensal, seu adiantamento (vale), décimo terceiro, férias, fundo de garantia, …
Temos sempre ouvido que o funcionário se queixa de que recebe pouco, a verdade é que ele precisa saber e entender que em todo o sistema mundial, não é apenas coisa de Brasil, não, em todos os países do mundo, existem impostos, taxas, ou qualquer outro nome que se queira dar, para uma imposição de participação financeira do governo, no processo de trabalho (FGTS, PIS, COFINS), de contratação de algum serviço (ISS, ICMS), entre outros tantos.
No caso do Brasil, o valor que existe em impostos é elevado, e costuma-se dizer que tudo o q se produz até meados do mês de maio é para pagar os impostos, então somente após este período é que se começa a trabalhar para você ganhar. Lógico que não é bem assim, porque tudo está misturado, você não consegue separar um momento de imposto e outro sem imposto.
Por menor que seja o preço, sempre tem o imposto
Estas palavras são para contar para aqueles que estão montando planilhas de propostas de preços, para oferecer serviços e contratos de materiais lembrem de fatores importantes como os custos de impostos que varia conforme o tipo de atividade ou produto, o tipo de relação comercial e o volume de faturamento de 12 meses da empresa, mas se você for um prestador de serviço, um engenheiro, vai ter que pagar 27,5% de imposto de renda, 5% de ISS, 11% de IAPAS, ou se for pela sua empresa, uma pessoa jurídica, será uns 20%, mais uma vez, lógico, depende dos valores envolvidos, pode ser mais, pode ser menos.
Ocorreu há poucos meses o desabamento de um prédio em uma capital brasileira, uma cidade de beira do mar, em que, assim como todos os demais empresários, que para fazer uma aquisição, passam por uma padrão mínimo de cotação de preços, com pelo menos 3 pessoas ou empresas. Pois bem, este condomínio fez a cotação de preços que acabou contratando uma empresa que faria o serviço um conjunto de serviços (cerca de 106 itens – coisas como pintar a fachada, consertar o guarda corpo, arrumar os pilares, etc) e que foi fechado por R$ 22 mil.
Houve uma outra cotação, que tinha uma ou duas outras variantes que tornava a proposta um pouco diferente, mas era o segundo colocado, e era algo em torno de R$ 33 ou 36 mil.
Estudando tudo o que teria que ser feito, sabendo os tempos necessários para fazer um serviço de recuperação estrutural, que era o caso deste condomínio, que ficou abandonado em sua manutenção por muitos e muitos anos, veja, sendo bem claro, todos aqueles serviços nunca poderiam ser propostos por estes valores, por qualquer um que seja, o primeiro ou o segundo colocado. Em uma atividade em Campina Grande (PB) onde foi feita a recuperação estrutural de 24 pilares, o custo foi de R$ 78 mil (valores do ano de 2007), basta procurar este material em trabalho de TCC.
Procure fazer a engenharia de diagnose da situação, para poder saber até que ponto você pode assumir os riscos.
O serviço de recuperação de um pilar que está deteriorado exige que se faça apenas o trabalho de 20 em 20 centímetros (ou a distancia de 2 estribos), em uma única face, e somente depois de curado é que pode ser feita a intervenção nos outros 20 centímetros. E não pode fazer isso em todos os pilares ao mesmo tempo. Entenda que o concreto está lá para suportar a carga de uma tonelada por metro quadrado por andar, e a área de influência de carga de um pilar pode ser de 16 a 25 metros quadrados, facilmente.
Consegue entender que o trabalho vai durar mais de um ano para tratar os pilares de um prédio? Existe um custo para ser cobrir os produtos, a mão de obra e o tempo necessário para este serviço?
O barato sai caro, esta é a resposta do menor preço
De raso, pessoas e empresas que fazem proposta de preço de algo que não pode ser entregue devem ser obrigatoriamente descartadas do certame para a contratação, pois elas não apenas estão matando o mercado, como provocando mortes por onde passam.
Moral de história, o prédio daquela capital brasileira já estava condenado, porque seus moradores eram despreocupados com aquilo que lhes protegia (sua casa ou apartamento). Não fizeram a manutenção no momento necessário, deixando para depois o inadiável, e quando se tomou a decisão, foi feita a escolha do menor preço.
Por fim 9 pessoas foram mortas e 11 pessoas ficaram feridas, inclusive o síndico do condomínio. A prefeitura da cidade indenizou as 13 famílias que viviam no prédio, o que custou mais de R$ 1,7 milhão aos cofres públicos. Esta indenização foi a título de compra do terreno em que o prédio existiu.
Exigir a responsabilidade? Temos que o Juri Popular, já está definido para o ano que vem, mas o(s) responsável(is) vai(vão) para a cadeia? Em que isso adianta? Que dinheiro pagaria essas vidas, esses lares destruídos?
Se coloque na posição do engenheiro daquela obra, que desgraça que se tornou a vida dele, por erro de engenharia, procedimentos e por ter sido levado pela conversa do seu mestre de obra ou pedreiro!
E você que é engenheiro e responsável da alguma obra, se acontecesse algo na tua obra, você teria como ressarcir a assumir esta responsabilidade?
Pense e comente o que você acha que precisa mudar para que coisas como essa não se repitam.
Sugerimos uma auditoria nos sistemas e nos processos de trabalho. Você pode economizar tempo, evitar que vidas se percam. Entre em contato com a Engenharia DiagnostiKa através de nossos canais de contato.